quinta-feira, 7 de junho de 2012
Porque as Nuvens~
E então, pausadamente eu olho para as teclas.
Parecia tão mais fácil quando estavam soltos na mente, mas quando tento escrevê-los, esses sentimentos, é como se fugissem de mim.
Centrada - esse é um adjetivo que costumavam me dizer. E eu, talvez há muito tempo ou por muito tempo o fora, era um desses adjetivos que eu adorava preservar, me gabar mesmo, sabe? Não sei se foi e quando se foi, mas sei que perdi, e não usam tanto mais.
Acho que o momento em que perdi, foi aquele em que o conheci. Talvez na procura do novo, tenha perdido o velho. O que de certa forma, não é tão ruim né?
Mas os sonhos quando são altos demais, costumam também ser caros. E muitas vezes dolorosos. Mas disso, eu já sabia sim. Já sabia porque sonhar é almejar, e quando se busca tanto, é difícil mesmo se "focar" no chão. Porque as nuvens são altas demais para serem alcançadas, mas disso, eu também já sabia.
O que eu não sabia realmente, é quão difícil seria não sentir o seu cheiro, ou acariciar seu rosto, e sorrir contigo. Isso eu realmente não sabia ser tão difícil. Me achava forte demais, sabe? Por tudo que já tinha vivido algo semelhante.
A verdade é que eu sei que a pior parte ainda está por vir, aquela em que vamos nos abraçar forte - caridosos, e que vamos nos despedir -tristonhos. E eu sei é nessa parte que mais vai doer, que a dor vai invadir o peito e corroer a alma. E eu também sei que é aí, nesse mesmo momento que vou querer desejar nunca ter ouvido você cantar para mim - Ah como eu adorava a sua voz me cantando músicas e que toda vez que eu ouvia, era imediato lembrar de você, e que quase sempre -e disso você nem deve saber, ou imaginar, eu repetia na mente, sendo cantada por você. Era como se tivesse gravado, assim poderia reproduzir quantas vezes eu quisesse, num mundo só meu.
E vai me doer a saudade, os beijos não obtidos, e as noites mal-dormidas só porque estávamos atentos demais um com o outro sem querer se despedir, pedindo a cada momento um pouquinho mais daquilo.
Eu também sei que é nessa fase que vou querer não levantar, e que vou odiar os dias frios porque vai me lembrar de como ficávamos agarrados - nem sei se um ao outro, ou se outro ao um. E que vou tentar apagar memórias, rasgar retratos, apagar contatos, tudo para tentar não lembrar de como eu me sentia feliz ao lado dele.
Não sei se muito tempo depois, ou se só depois - e isso eu realmente não sei, vou me sentir melhor, aos pouquinhos. Juntando cada pedacinho quebrado do coração, remontando-o lentamente, cuidadosamente. E que quando lembrar de tudo isso, vou sentir as saudades, sem a ânsia dos momentos vividos, porque aí já vou ter me adaptado, aí muito provavelmente, porque isso eu também não sei, eu já vou ter me remontado, já vou ter superado.
E então, quando lembrar da sua voz eu vou sorrir, porque te amei tanto, tanto...
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
~ A delicada ou feroz chuva.[?]
Sally estava com os livros em suas mãos e caminhava lentamente sobre a chuva que se mostrava incessável. Parecia não se importar com os barulhos ao longe que demonstravam que a chuva não queria ir embora. Talvez a menina não quisesse também, entendia a chuva. Também não queria ir para casa. Casa. Morava ainda com seus pais, embora já fosse universitária. Mas não sentia que tinha um lugar só seu. Talvez por isso entendesse a chuva, se sentia assim por dentro. Talvez a senhora tempestade só não tivesse um lugar só seu para ir.
Os sapatos vermelhos com pequenos laços brancos da menina estavam encharcados, e batiam contra o chão aguado sem importância.
Mais a frente podia-se ver um grande portão de madeira, o destino final da menina que tinham os caracóis dourados quase todos desfeitos pela água, tinha enfim chego.
Sua delicada roupa agora pareciam que tinham acabado de deixar a lavadeira.
Contrariando a si mesma, e até aqueles que a julgariam doida - coisa que talvez ela fosse, a menina virou, e correu sem cessar até a praça. Sentou-se em um banco esbranquiçado, com os livros em desgosto de tanta água. Não se importava. Se sentia só. Não queria ver ninguém, fingir outros sorrisos pra ninguém. Sorrisos que esta estava cansada de fingir. O melhor sorriso. Era assim que o chamava secretamente, porque por incrível que pareça, ninguém a conhecera bem o suficiente para saber de toda a verdade por trás daquele.
A chuva, era interminável...
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