terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

~ A delicada ou feroz chuva.[?]


Sally estava com os livros em suas mãos e caminhava lentamente sobre a chuva que se mostrava incessável. Parecia não se importar com os barulhos ao longe que demonstravam que a chuva não queria ir embora. Talvez a menina não quisesse também, entendia a chuva. Também não queria ir para casa. Casa. Morava ainda com seus pais, embora já fosse universitária. Mas não sentia que tinha um lugar só seu. Talvez por isso entendesse a chuva, se sentia assim por dentro. Talvez a senhora tempestade só não tivesse um lugar só seu para ir.
Os sapatos vermelhos com pequenos laços brancos da menina estavam encharcados, e batiam contra o chão aguado sem importância.
Mais a frente podia-se ver um grande portão de madeira, o destino final da menina que tinham os caracóis dourados quase todos desfeitos pela água, tinha enfim chego.
Sua delicada roupa agora pareciam que tinham acabado de deixar a lavadeira.
Contrariando a si mesma, e até aqueles que a julgariam doida - coisa que talvez ela fosse, a menina virou, e correu sem cessar até a praça. Sentou-se em um banco esbranquiçado, com os livros em desgosto de tanta água. Não se importava. Se sentia só. Não queria ver ninguém, fingir outros sorrisos pra ninguém. Sorrisos que esta estava cansada de fingir. O melhor sorriso. Era assim que o chamava secretamente, porque por incrível que pareça, ninguém a conhecera bem o suficiente para saber de toda a verdade por trás daquele.
A chuva, era interminável...